terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Campanha da Fraternidade 2010





11/01/2010 - Ecumênica


Maiá Menezes - O Globo, em 10/09/2009

RIO - O tema da Campanha da Fraternidade 2010, que será oficialmente lançadano dia 17 de fevereiro, foi divulgado nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro, aos pés do Cristo Redentor e sob intensa névoa.

A campanha do ano que vem reunirá as cinco igrejas do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil, entre elas a Católica. Será ecumênica pela terceira vez.

Tirada do evangelho de São Mateus, o lema "Vocês não podem servir a Deus e ao diabo" traduz a preocupação com "uma economia a serviço da vida", que caminhe para uma "sociedade sem exclusão", segundo o reverendo anglicano Luiz Alberto, secretário-geral do Conic.

Apesar de não ser o eixo principal da campanha, também consta no material e no discurso dos que a coordenam a preocupação com a mistura entre religião e dinheiro. Em seu discurso, o reverendo Luiz Alberto fez o alerta:

- Hoje, como no passado, as comunidades cristãs devem se interrogar sobre seu patrimônio, seu uso do dinheiro e seu compromisso com a transformação econômica e social do país.

O texto-base, divulgado ontem, também faz referência a essa preocupação. "As comunidades cristãs precisam resistir à tentação de transformar o culto a Deus em moeda para a obtenção de prosperidade. O cristão é um servidor, não alguém que recorre a Deus em busca de favores", diz trecho na página 66 do documento.

Dom Dimas Lara Barbosa, secretário geral da CNBB, afirmou, em entrevista, que a teologia da prosperidade é "neopagã" e se confronta com o evangelho.

Contundente, o documento faz ainda críticas à dificuldade na implantação de políticas públicas, como a reforma agrária:

"As fracas políticas de reforma agrária falharam nos seus objetivos de reduzir a concentração a terra e também falharam em oferecer condições dignas de trabalho a milhões de famílias de trabalhadores que foram expulsos da terra por meios corruptos e violentos ou por tragédias climáticas. Há uma intensa e contínua expansão do agronegócio e de várias formas de atividade econômica, baseadas no uso irresponsável dos recursos naturais". O texto fala ainda em corrupção: "Tomamos conhecimento todos os dias de uma deplorável série de formas de corrupção, com políticos que usam seu cargo para obter lucro e privilégio para si e para seus aliados, colocando interesses econômicos acima das reais necessidades do povo".

Convidada para o encontro, a senadora Marina Silva (PV-AC), evangélica da Assembleia de Deus, foi saudada por turistas como candidata à presidência e afirmou que "não temos como ser solidários sem preservarmos a base do desenvolvimento". Ela disse ainda que costuma ser criticada por acreditar em utopias, mas que o "pragmatismo tem destruído a natureza e as relações políticas".

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