domingo, 28 de abril de 2013

Sob a Palavra, no mundo.



Começo com um comprometimento com a Bíblia como “Palavra escrita de Deus”, que é a sua descrição nos artigos anglicanos e como ela tem sido recebida por quase todas as igrejas até recentemente. Essa é a pressuposição básica deste livro; não faz parte do meu objetivo aqui argumentá-la. Mas nós, cristãos, temos um segundo comprometimento, com o mundo no qual Deus nos colocou. E nossos dois compromissos muitas vezes parecem conflitantes. Por ser uma coleção de documentos que se relacionam a eventos distantes e particulares, a Bíblia dá uma impressão arcaica. Parece incompatível com nossa cultura ocidental, com suas sondas espaciais e microprocessadores. Como qualquer outro cristão, me sinto preso na dolorosa tensão entre esses dois mundos. Eles estão há séculos de distância. Todavia, tenho procurado resistir à tentação de me afastar de qualquer um deles em sujeição ao outro.

Alguns cristãos, ansiosos, sobretudo por serem fiéis à revelação de Deus sem concessões, ignoram os desafios do mundo moderno e vivem no passado. Outros, ansiosos por reagir ao mundo ao seu redor, podam e torcem a revelação de Deus em sua procura por pertinência. Tenho lutado para evitar ambas as armadilhas. Pois o cristão tem uma condição livre, que lhe permite não se render à antiguidade nem à modernidade. Pelo contrário, tenho procurado com integridade submeter tudo à revelação de ontem, dentro das realidades de hoje. Não é fácil aliar lealdade ao passado com sensibilidade ao presente. Porém, esse é o nosso chamado cristão: viver, sob a Palavra, no mundo.


John Stott – Trecho do Prefácio da primeira edição de “Issues Facing Christians Today”.

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